Stablecoins vs Bancos Emergentes: o impacto silencioso que pode transformar o sistema financeiro global
Entenda como as stablecoins estão desafiando os bancos tradicionais nos países emergentes e por que especialistas alertam que essas moedas digitais podem movimentar até US$ 1 trilhão nos próximos anos.
10/8/20253 min ler


💡 O que são stablecoins e por que elas estão ganhando força?
As stablecoins são criptomoedas projetadas para manter valor estável, normalmente atreladas a moedas fiduciárias, como o dólar americano (USD) ou o euro (EUR).
Diferente do Bitcoin, que é volátil, o valor de uma stablecoin como USDT (Tether) ou USDC (USD Coin) tende a permanecer estável, o que a torna mais atraente para pagamentos e reserva de valor.
Nos últimos meses, o mercado global de stablecoins ultrapassou a marca de US$ 150 bilhões, com uso crescente em países emergentes, onde a inflação e a desvalorização cambial impulsionam a busca por alternativas mais seguras.
🌎 O alerta dos economistas: US$ 1 trilhão pode sair dos bancos
Um relatório recente do Standard Chartered Bank revelou que as stablecoins podem retirar até US$ 1 trilhão dos bancos tradicionais em mercados emergentes até 2028.
Isso acontece porque usuários e empresas estão preferindo armazenar valor em stablecoins, que oferecem liquidez global e acesso rápido a plataformas digitais — sem depender de sistemas bancários locais lentos e caros.
🗣️ “As stablecoins não são apenas uma inovação tecnológica — são uma ameaça real ao modelo bancário tradicional em países com sistemas financeiros frágeis.”
— Standard Chartered, outubro de 2025
📊 Por que os bancos emergentes estão em desvantagem
Inflação e instabilidade cambial:
Em economias como Argentina, Nigéria e Turquia, o valor das moedas locais caiu mais de 50% nos últimos anos. As stablecoins em dólar se tornaram uma fuga para estabilidade.Acesso global e instantâneo:
Transferir stablecoins custa centavos e leva segundos — muito mais rápido do que o sistema bancário tradicional, que impõe tarifas e prazos.Burocracia e restrições locais:
Muitos bancos exigem comprovação de renda, residência e altos custos de manutenção. Já as stablecoins podem ser movimentadas com apenas um smartphone.
💰 O lado positivo: oportunidades para o sistema financeiro
Nem tudo é ameaça. As stablecoins também podem impulsionar a inclusão financeira e modernizar o sistema bancário.
Pagamentos internacionais mais baratos:
Empresas e freelancers podem receber em dólar digital sem depender de bancos intermediários.Inovação em fintechs e bancos digitais:
Instituições financeiras estão criando produtos híbridos, unindo stablecoins e moeda fiduciária.Integração com moedas digitais de bancos centrais (CBDCs):
Países como Brasil e Índia estudam modelos de coexistência entre stablecoins privadas e moedas digitais soberanas.
🏦 O caso do Brasil: Real Digital e stablecoins
O Banco Central do Brasil vem testando o Real Digital, sua própria moeda digital (CBDC), que deve ser lançada até 2026.
A ideia é permitir que fintechs e bancos usem stablecoins nacionais integradas a contratos inteligentes e à infraestrutura do Drex.
Enquanto isso, o uso de stablecoins como USDT e USDC cresce no país — especialmente entre investidores e importadores —, o que reforça a importância de regras claras e interoperabilidade entre sistemas.
🚨 O que esperar nos próximos anos
Especialistas apontam três possíveis cenários para o futuro:
Coexistência regulada:
Stablecoins e moedas digitais nacionais convivem em um sistema híbrido.Conflito monetário:
Países emergentes perdem controle cambial para stablecoins estrangeiras.Integração financeira global:
Surgem redes internacionais de pagamento baseadas em stablecoins e blockchain regulado.
🧭 Conclusão
As stablecoins estão redefinindo o equilíbrio do sistema financeiro mundial, principalmente em países emergentes.
Elas representam tanto uma ameaça quanto uma oportunidade: podem drenar liquidez dos bancos, mas também estimular inclusão financeira e inovação.
Enquanto reguladores debatem o futuro, uma coisa é certa — as stablecoins vieram para ficar, e os bancos que não se adaptarem correm o risco de ficar para trás.