Ásia, China e exportações em declínio: o impacto da demanda externa fraca nas economias exportadoras
“A desaceleração das exportações na Ásia e na China em 2025 está redesenhando o comércio global. Entenda os impactos para economias emergentes e investidores.”
10/4/20253 min ler


Exportações em queda: o novo cenário econômico da Ásia
Nos últimos meses, os principais indicadores econômicos da China e de outras economias asiáticas vêm apontando uma queda acentuada nas exportações.
Segundo dados recentes da Administração Geral das Alfândegas da China, as exportações caíram 3,2% em setembro de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Essa desaceleração reflete a fraqueza da demanda global, especialmente da Europa e dos Estados Unidos, que enfrentam juros altos e consumo retraído.
Como resultado, países fortemente dependentes de exportações — como Coreia do Sul, Taiwan, Vietnã e Malásia — estão enfrentando redução na produção industrial e queda nos lucros corporativos.
🇨🇳 O papel central da China no comércio global
A China continua sendo o maior exportador do mundo, representando cerca de 13% do comércio global.
No entanto, o modelo de crescimento baseado em exportações enfrenta desafios estruturais:
Demanda internacional enfraquecida, especialmente em bens eletrônicos e manufaturados;
Tensões comerciais com os EUA e a União Europeia;
Custos de produção crescentes e deslocamento de fábricas para o Sudeste Asiático;
Mudança estratégica interna, com foco maior no mercado doméstico e em tecnologia de ponta.
De acordo com o FMI, a economia chinesa deve crescer 4,4% em 2025, abaixo da média histórica de 6%, pressionada pela desaceleração industrial e pela crise no setor imobiliário.
🏭 Efeitos nas economias dependentes de exportação
O impacto da retração chinesa vai além das fronteiras.
Países como Coreia do Sul, Japão e Taiwan estão vendo quedas significativas nas exportações de semicondutores, um dos motores da economia asiática.
Enquanto isso, economias emergentes como Vietnã e Malásia, que vinham se beneficiando da realocação de fábricas da China, agora enfrentam estoques elevados e queda na demanda global.
Em números:
Coreia do Sul: exportações caíram 4,8% em 2025;
Taiwan: queda de 3,6% nas vendas externas;
Vietnã: desaceleração nas exportações de eletrônicos e têxteis;
Japão: redução nas vendas para a Europa e América do Norte.
💡 Mudança de estratégia: diversificação e inovação
Diante desse cenário, governos e empresas asiáticas estão reavaliando suas estratégias de comércio exterior.
Entre as principais medidas observadas:
Aposta em mercados emergentes, como Índia, Oriente Médio e América Latina;
Investimentos em automação e tecnologia verde, para aumentar competitividade;
Fortalecimento do consumo interno, especialmente na China e Indonésia;
Acordos regionais, como o RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente), que facilita o comércio entre 15 países da Ásia-Pacífico.
Essas estratégias visam reduzir a dependência de grandes mercados como os EUA e a Europa e construir cadeias de valor mais resilientes.
🌐 O papel do Brasil e de outros emergentes
Com a reconfiguração das rotas de comércio, o Brasil e outros países latino-americanos podem se beneficiar.
A demanda asiática por commodities agrícolas e minerais deve permanecer estável, mesmo com o enfraquecimento das exportações industriais.
Além disso, há crescimento do interesse chinês em investir em infraestrutura e energia renovável na América do Sul, o que abre novas oportunidades de cooperação econômica.
📊 Perspectivas para 2026 e além
Economistas apontam que o comércio global deve crescer apenas 2,5% em 2026, um dos níveis mais baixos das últimas duas décadas.
No entanto, há sinais de adaptação positiva:
Digitalização das cadeias logísticas;
Maior regionalização da produção;
Adoção de políticas industriais voltadas à inovação.
A médio prazo, isso pode gerar um novo ciclo de crescimento sustentável, baseado em tecnologia, energia limpa e diversificação comercial.
✅ Conclusão: um novo mapa do comércio internacional
A queda das exportações chinesas é um sintoma da transição global: o comércio internacional está se tornando mais fragmentado, regionalizado e tecnológico.
Para as economias asiáticas, o desafio é equilibrar competitividade externa e fortalecimento do mercado interno.
E para investidores e analistas — como os leitores do VLMoney —, compreender essas transformações é essencial para identificar novas oportunidades e riscos em um mundo econômico em rápida mudança.